Não se contente com o que você está vendo

“A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas.” Mateus 6:22-23.

Hoje, gostaria de refletir sobre um texto bíblico que fala do cego de Jericó. Pode parecer estranho mencionar o texto acima em relação ao cego de Jericó, mas ao longo da mensagem, você entenderá por que escolhi esse texto como base para esta reflexão.

QUAL A SUA CONDIÇÃO?

Analisando o texto de Lucas 18.35-43, podemos observar algumas coisas interessantes que podem nos fazer repensar nossas atitudes. A primeira e mais importante é o cenário em que o cego se encontra.

Ser cego no contexto em que ele vivia era algo muito pior do que hoje em dia. Significava não ser nada, ser alguém sem serventia. Ele era dependente, possivelmente abandonado pela família ou simplesmente colocado ali todos os dias para ganhar o sustento e levar algo para casa. Não tinha muitas opções. Era totalmente dependente e desprezado por tudo e por todos. Sua vida tinha pouco valor aos olhos da sociedade. Não tinha perspectiva nem futuro; a única coisa que podia fazer era viver daquele jeito, uma vida de humilhação. Até sonhar era difícil.

Eu quero te perguntar novamente: Qual é a sua condição? Você pode sonhar? Há algo que impede você de ter um futuro promissor? Existe algo que te impeça de lutar? É importante refletir sobre essas perguntas e avaliar sua real condição.

PARE DE RECLAMAR

“Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras.” Jeremias 18.2

Vivemos num tempo em que reclamamos de tudo. Nada parece estar bom o suficiente, e frequentemente culpamos Deus pelos nossos erros. Enfrentamos desafios constantes e muitas vezes nos sentimos aprisionados por nossos próprios sentimentos, incapazes de amar verdadeiramente as pessoas ao nosso redor. Parece que estamos mais focados em receber amor do que em dar amor.

Reclamar tornou-se uma parte comum de nossa rotina, mas devemos nos perguntar: o que estamos realmente fazendo para mudar nossa situação?

PERSISTÊNCIA

O cego percebe um movimento diferente, maior do que o de costume, e pergunta o que está acontecendo. Alguém responde: "Jesus de Nazaré está passando". Então, ele clama, gritando com todas as suas forças: "Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!" Ele enxerga além de seus olhos físicos; começa a vislumbrar possibilidades e não pode deixar essa oportunidade passar.

Ao chamar Jesus de "Filho de Davi", o cego reconhece que Ele é o Messias. Como ele chegou a essa conclusão? Isso não é claro, mas talvez tenha ouvido falar disso em algum momento de sua vida, talvez durante sua infância, ou possivelmente por meio de alguma informação transmitida. Não temos detalhes precisos sobre isso, mas fica evidente que o cego tinha algum conhecimento básico sobre o Messias e talvez guardasse uma esperança de que Ele poderia trazer a solução para seu problema.

A MULTIDÃO

Uma das dificuldades que o cego precisa enfrentar é a multidão. Essa multidão ordena que o cego fique calado. Deveria ser diferente? As pessoas não deveriam ajudar o cego? Idealmente, sim, mas nem sempre é assim. Na verdade, as pessoas ali estavam preocupadas apenas consigo mesmas. Todos queriam seu próprio milagre. É assim que muitas vezes a multidão se comporta, cada um preocupado consigo mesmo. Às vezes nos encontramos nessa situação, rodeados por muitas pessoas, mas nos sentindo sozinhos. Parece que tudo e todos estão contra nós. No entanto, o cego não se deixou influenciar pelas circunstâncias ao seu redor; seu foco estava no milagre. E você, onde está seu foco?

A multidão é a mesma, e se você der ouvidos a ela, você para. Portanto, não dê ouvidos à multidão; creia em Jesus, creia no milagre. A multidão não intimidou o cego; quanto mais ela o mandava parar, mais ele clamava alto. Ele tinha um objetivo, e nada poderia impedi-lo. Ele estava determinado a conquistar seu milagre.

A multidão pode nos mandar calar, e muitas vezes aceitamos isso. As circunstâncias podem dizer que não devemos prosseguir, e muitas vezes damos ouvidos a elas. Às vezes, a multidão nem precisa insistir; com apenas uma palavra, ela consegue nos parar.

Qual tipo de prova você está enfrentando? Será que você já gritou o bastante? Será que a voz da multidão tem te parado? Talvez seja necessário um clamor mais enérgico, uma determinação mais forte. Enfrente seus problemas, não se curve a eles. Não aceite as condições que a vida lhe impõe; lute e siga em frente. Você pode, busque a Deus.

Sabe qual é o nosso maior problema? É olhar os obstáculos da vida como empecilhos para o crescimento, quando na verdade eles são oportunidades de aprendizado. Se você encarar os obstáculos dessa forma, perceberá que cada um deles oferece uma visão diferente da sua vida. Às vezes, me pego pensando: e se eu nunca tivesse que enfrentar dificuldades? Como seria minha vida? Acredito que aprenderia muito pouco, ou quase nada.

Qual marceneiro nunca aprendeu como usar um serrote? Será que ele não cometeu erros durante o aprendizado? Será que tudo foi fácil desde o início? Qual profissional nunca passou pela experiência de errar? Foi através dos erros que muitas coisas foram aperfeiçoadas.

E você, do que tem medo? Tem medo de errar? Deixe-me dizer algo importante: só erra quem tenta. Se você não tentar, nunca poderá experimentar o resultado. E se errar na primeira tentativa, tente novamente. A experiência que você ganhará o ajudará a alcançar a perfeição. Portanto, não desanime, olhe para frente e não dê ouvidos à multidão.

O QUE VOCÊ QUER?

Então, Jesus ouve o cego e finalmente o manda se aproximar. No entanto, quando o cego chega diante de Jesus, o Mestre lhe faz uma pergunta: "O que queres que eu te faça?" Você há de concordar que é uma pergunta muito estranha. Olhando para o cego, logo percebemos sua necessidade e imaginamos o que ele mais deseja na vida. Logicamente, ele quer ser curado de sua cegueira. Mas por que Jesus pergunta?

Jesus já te fez essa pergunta? Você já se perguntou: "Jesus conhece meu problema, por que Ele não resolve?" O fato é que Jesus quer ouvir de você. Ele quer diálogo, quer conversar, quer que você fale. Ele quer relacionamento, independentemente de já saber a resposta. A pergunta de Jesus não é para Ele; é importante para você, para cada um de nós. É uma oportunidade para auto-reflexão, para pensar profundamente sobre seu problema, para testar suas convicções, sua fé.

A resposta do cego foi pronta; ele já tinha certeza em seu coração. Ele diz: "Que eu veja." O mais interessante é que Jesus sempre age de forma diferente com cada pessoa. A fé daquele cego foi suficiente para que ele fosse curado. Jesus não colocou as mãos sobre ele, não cuspiu no chão e fez lodo como fez com outro cego; Ele não fez nada. Simplesmente disse: "A tua fé te salvou." E o cego logo viu.

Se Jesus lhe fizesse essa pergunta hoje: "O que queres que eu te faça?", você teria uma resposta? Você acreditaria realmente que Jesus pode curar? É necessário ter convicção e crer que, de fato, Jesus pode nos curar.

Creia, Jesus pode. Ele sempre pode. O problema muitas vezes está em nós. Precisamos ver a vida com outros olhos. Não desista, olhe para frente, creia, lute, conquiste. Deus lhe deu vida. Invista em si mesmo. A multidão não tem poder para lhe parar.

Claudio H. C. Duarte

Mensagem nº 19